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A história da garotinha que cresceu, virou policial e prendeu o homem que a abusou quando criança:

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Se você pensou em vingança, esqueça: essa história é sobre justiça. Traduzi a matéria da Olivia Messer pro Daily Beast. Veja:

Hannah levou 13 anos pra entender o que Erlis Chaisson fez com ela. Então chegou a hora de fazer ele pagar.

Hannah sentou no banco de uma praça e dividiu um cigarro com o homem que a molestou diversas vezes quando criança. "Você pode me dar um?", ela perguntou pro Erlis. Eram 5 da tarde em um dia quente de Setembro de 2014 em Granbury, Texas, e a mulher de 25 anos pediu pra se encontrar com o homem e falar sobre os abusos que começaram quando ela tinha 8 anos.

"Você se arrepende de ter feito isso?", ela perguntou. "Sabe, eu entendo que você - você esteja colocando toda a culpa em mim", disse ele, sob o som da água caindo numa fonte próxima, "Limites foram cruzados. Nossas emoções ficaram misturadas e mal interpretadas. Eu não queria que tudo isso fosse tão longe como foi".

"O pinto não tem consciência e não há explicação pra isso", ele disse, enquanto os dois sentavam naquele banco sob uma árvore, "se você tivesse um pênis, iria entender". Porém, Hannah tinha entendido uma coisa: uma gravação dele falando sobre os abusos serviria de confissão perante o tribunal.

A criança cresceu, virou policial, e agora estava ali com um gravador escondido no sutiã. Pra caso algo acontecesse, ela levou também uma arma, e um colega de trabalho estava em um carro estacionado ali perto, observando tudo.

"Eu sempre, sempre quis ser uma detetive", Hannah disse ao Daily Beast, sob a condição dela ser identificada por um pseudônimo. "Eu tinha acabado de sair da academia de polícia, e foi tipo 'ok, se ele vai falar - ele vai falar. Como eu provo isso?".

"Pensei comigo mesma: eu sou a diferença entre ele e a prisão". Uma semana antes ela foi ao detetive Brad Bond, que cuidada das investigações no Condado, pra conseguir o caso que queria. Ela falou de forma dolorosamente meticulosa a ele sobre como, por 4 anos, ela foi abusada por Erlis, um membro da família. Descreveu como ele esfregou o pênis por entre as pernas dela, fez sexo oral e outros detalhes mórbidos. Com essa descrição e a gravação, ela conseguiria a condenação.

Depois de falar com Brad, ela bolou o plano. Hannah disse que ficou nervosa quanto ao funcionamento do plano. E se o vento atrapalhasse a gravação? E se ele visse ou ouvisse o gravador de alguma forma?

"Meu coração estava batendo forte", disse ela, que estava preparada, "tínhamos sinais discretos por gestos programados também". Funcionou.

"Ele estava falando como se falasse pra um melhor amigo. Em seis momentos da gravação de uma hora e meia ele confessa os crimes". Erlis repetidamente se implicou no crime, dizendo coisas como "eu sempre me segurei pra não ir longe demais". Ele também culpou Hannah várias vezes.

"Você precisa controlar a sua curiosidade. Não era pra eu ser o amigo com quem você faria brincadeiras sujas. Eu estava deitado no sofá e lá estava você com aquele olhar. Eu colocava o cobertor, você vinha e subia em mim".

"Nas manhãs, deitado com você, fazendo carinho nas suas costas...eu não deveria ter me colocado nessas posições", disse o homem que na época dos crimes tinha 30 anos, "digo, qualquer um ali teria ficado confuso".

Hannah quase não intervém na conversa. Em certo momento ela diz: "eu era tão pequena..."

"Não acho justo culpar uma criança por isso, não foi minha culpa", ela disse, "você vinha ao meu quarto enquanto eu dormia. Aquilo não tinha que acontecer".

"Eu te mantive virgem, não?", responde ele. "Querida, você era jovem e curiosa. Eu era velho o suficiente pra saber disso mas muito novo pra me importar. É a única forma que podemos interpretar isso".

De acordo com a promotora Gabielle Massey, quando Erlis entrou na vida de Hannah, ele já estava registrado como um agressor sexual. Ele tinha sido preso por abusar outra criança de 8 anos em Louisiana. "A maioria das pessoas de sua família entendiam o que ele tinha feito, mas não protegeram a criança contra isso", disse ela.

Erlis saiu da cadeia em 1994 e começou a molestar Hannah um ano após isso. Quando ela fez 12 anos, os abusos pararam. Ainda de acordo com a promotora, "quando a criança chegava na puberdade, ele perdia todo o interesse de molestá-la". 

Durante o julgamento, no último mês, Hannah disse ao júri que os abusos se tornaram "um segredo profundo e escuro guardado em um guarda-roupas". Ela passou por terapia e quando se tornou policial, percebeu que deveria prendê-lo.

"Senti que um peso saiu dos meus ombros depois que testemunhei", disse ela ao Daily Beast. "Eu não precisava mais esconder o segredo ou me culpar disso". A gravação impactou ainda mais do que o testemunho no julgamento.

"Eu não acho que você possa ouvir a gravação - não importa quem você seja - e não ser impactado por ela" disse a promotora. Ela adiciona que é incomum um criminoso desse tipo não mostrar remorso algum.

"Quase nunca conseguimos evidências como essas", disse o detetive Brad Bond. "É melhor que uma confissão. Mesmo em uma confissão nós não conseguimos tantos detalhes como nessa gravação. Foi ótimo".

Ainda assim, o detetive não aconselha que vítimas de abusos semelhantes usem da mesma tática. "Hannah tinha treinamento de policial. Tínhamos preparo e gente observando. A segurança dela estava garantida. Não é o tipo de situação em que colocamos vítimas, mas Hannah queria muito ter essa conversa".

Agora chega a parte da justiça: ele foi condenado à prisão perpétua pela pedofilia e recebeu mais duas penas de 7 anos cada uma por "contato indecente". Depois do julgamento, Hannah disse: "Sinto que com isso ajudei as pessoas que não têm coragem de denunciar os abusos sofridos. Sinto que ajudei qualquer um que possa ser uma vítima no futuro". 

Nota do tradutor: e quanto ao Erlis: Adeus, otário

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